O terror que provocou a vitória de Trump tem levado muita gente a imaginar as piores consequências das loucuras futuras do próximo presidente norte-americano.
Correndo o risco (infundado) de vir a ser considerado um adepto das politicas xenófobas de Trump, eu sublinho que o que me preocupa mais são o que dizem aqueles que se apresentam como críticos do oligarca americano.
Correndo o risco (infundado) de vir a ser considerado um adepto das politicas xenófobas de Trump, eu sublinho que o que me preocupa mais são o que dizem aqueles que se apresentam como críticos do oligarca americano.
Dizer que "as democracias representativas estão a ser minadas pelas redes sociais que destroem qualquer ideia de racionalidade. São elas que marcam o ritmo, definem os assuntos, condicionam os meios de comunicação tradicionais", como defendeu Teresa de Sousa no seu artigo de opinião do Publico além de perigoso é incoerente, vindo da parte de quem defendeu o papel dessas redes sociais nas revoluções da primavera árabe ou ucraniana.
Mas o mais grave é que esta afirmação não parte de uma reflexão da autora, mas repete uma ideia difundida pela comunicação social internacional desde o dia 9 de Novembro. Ela faz parte (e é a prova) de uma estratégia concertada de manipulação da opinião através dos media e que levou mesmo o Facebook a emitir um comunicado (não por causa da Teresa Sousa, evidentemente) desmentindo a ideia de que as redes sociais tinham sido as causadoras da derrota de Hillary Clinton.
As redes sociais veiculam (e veicularam) informação verdadeira e falsa, do mesmo modo que os media. Seria mesmo muito interessante que os académicos de Comunicação, Jornalismo e Sociologia se debruçassem sobre a forma como estas eleições norte-americanas foram noticiadas pelos globais ou nacionais para perceber quem destrói a ideia de racionalidade e marca o ritmo da notícia definindo os assuntos e condicionando os leitores. Ignorar isso e fazer das redes sociais as responsáveis pela tragédia norte-americana é não perceber nada de Democracia.
O que estas eleições norte-americanas demonstraram é que, pela primeira vez, os media têm um rival que pode mostrar uma visão alternativa àquela que é reflectida pela comunicação social. É isso que preocupa os actuais manipuladores dos media. O que eles dizem - e Teresa de Sousa repete - é que isso é perigoso e deve (pressupõe-se) ser controlado.