A história repete-se. Muitas vezes nós esquecemo-nos de lê-la.
Ignacio Ramonet descreveu em 1998 a crise que hoje vivemos e apontou os autores.
“Por vezes, os
investimentos especulativos concentram-se em [países onde] a Bolsa de Valores
local oferece perspectivas de lucros fáceis e importantes, e porque as
autoridades prometem aos capitais flutuantes taxas de juros aliciantes demais.
Mas isso não garante, de modo algum, uma decolagem económica. Com efeito,
quanto mais rapidamente chegam, mais depressa os capitais podem ir embora. De
um segundo para o outro. Como aconteceu com o México que, em 1994, teve a
amarga experiência desse fenómeno.
O México só escapou à
falência total, graças [a] uma ajuda internacional maciça […], É importante que
nos perguntemos se essa ajuda procurava salvar o México (cujo petróleo passou
para o controle dos Estados Unidos que se desforravam, assim, do presidente
Lazaro Cardenas que. em 1938, tinha nacionalizado as companhias petrolíferas americanas…),
ou se visava salvar o sistema financeiro internacional.
Com efeito, não se
assistiu à mesma solicitude em outras situações de urgência […].
A que grau de absurdo
chegou o sistema financeiro internacional? Daqui em diante ele obedece ao cada
um por si. Ninguém arbitra um jogo cuja organização não tem qualquer lei, fora
a da busca do máximo lucro. Para todos, esta crise terá revelado quem são os novos senhores da geofinança: os gestores dos fundos de pensão e dos fundos comuns de investimento. São eles que, em linguagem de especialista a imprensa económica denomina: “os mercados"[…].
O México foi o primeiro
que experimentou o choque. Deixou aí uma parte da soberania nacional.
Do mesmo modo que os
grandes bancos ditaram, no seculo XIX, qual deveria ser a atitude de numerosos países,
ou como as empresas multinacionais procederam entre os 60 e 80 [do seculo XX],
daqui em diante os fundos privados dos mercados financeiros detêm em seu poder
o destino de muitos países. E, em certa medida, o destino económico do mundo.”
Ignacio Ramonet, Geopolítica
do caos, 1998, Editora Vozes, Petrópolis, pp 50,51.
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