segunda-feira, fevereiro 06, 2012

A luta continua




O calendário tem mais um ano e o "Setúbal na Rede" inicia um novo ciclo. Quis o destino que as datas se aproximassem e, a cada aniversário deste jornal on-line, juntamos os desejos de um bom ano que também começa.

Infelizmente os políticos e os economistas cedo nos prepararam para não termos muitas expectativas para 2012, pelo que desejar “um ano pleno de sucesso” soará a falso perante o horizonte cinzento que nos ensinaram a vislumbrar. Poderia seguir a sugestão do Presidente da República e desejar ao "Setúbal na Rede" um ano “tão bom quanto possível”, porém isso soa-me de tal forma modesto que seria o mesmo que dizer “seja o que Deus quiser”, como se nós não quiséssemos coisa nenhuma.

A verdade é que anos difíceis têm sido quase todos. Este não será muito diferente.

Para os órgãos de comunicação social privados, há muito que os “cortes”, “emagrecimento” ou “redução de gorduras” fazem parte do vocabulário corrente, como se os gestores dos media fossem todos médicos nutricionistas. Os jornais, rádios e televisões vivem do marketing dos outros e por isso são os primeiros a sentir a crise e os últimos a sair dela.

Quem estudou gestão sabe que perante uma crise, primeiro corta-se no marketing, depois no equipamento e finalmente nas pessoas. Portanto, se as empresas estão agora a despedir é porque já antes cortaram naquilo que é essencial para a sobrevivência dos média.

Ao longo dos 14 anos de existência, o "Setúbal na Rede" tem passado dificuldades, mas sempre tem resistido. Conseguiu cimentar uma imagem de prestígio num meio que começou por lhe ser agreste e que agora é, cada vez mais, concorrencial. Escrevo “agreste” porque a Internet no seu inicio – apesar de elitista – não via com “bons olhos” o surgimento de jornais digitais. Quanto muito, tolerava que a imprensa “em papel” tivesse a sua versão electrónica, enquanto a “imprensa digital” era olhada com desdém, como algo feito por amadores ou adolescentes sem colocação no mercado de trabalho. Esse desprezo reflectia-se no investimento que o mercado publicitário reservava à Internet: quase zero. E, apesar de tudo, o "Setúbal na Rede" resistiu.

Agora, que muitos vêm na Internet a oportunidade de fazer crescer os seus negócios, o"Setúbal na Rede" está “de pedra e cal”, como órgão de comunicação social prestigiado. Enquanto o jornal de papel continua o seu declínio, as rádios caminham para o esvaziamento e as televisões se canibalizam para segurar as audiências, a Internet começa a surgir como um porto seguro. Os gestores de marketing estão atentos: cada vez é maior o número de utilizadores que recorrem exclusivamente ao digital para se manterem informados.

Se a televisão ainda é o meio que recolhe mais investimento publicitário (57,3%), viu em 2011 esse investimento decrescer (-11,4%). Em contrapartida, o on-line subiu 10% em 2011, valendo já 29 milhões de euros e 6,1% do mercado publicitário (fonte: Diário Económico, Janeiro 2012. Valores referentes ao período entre Janeiro e Novembro de 2011).

Portanto, se a perspectiva para 2012 é pessimista, para os jornais digitais há sinais de esperança que assentam nessa contradição de que, quanto maior for a crise, mas as pessoas procurarão a informação gratuita. As rádios locais desbarataram a importância que alcançaram, transformando-se em repetidores de música gravada, sem nenhuma comunicação. A imprensa regional está pressionada com elevados custos de produção e fracos recursos financeiros. A TV regional ainda não ganhou credibilidade no on-line e não tem qualidade para chegar à distribuição por cabo. Para os jornais digitais é altura de fazer das fraquezas dos outros, a sua força e aproveitar a oportunidade.

"Setúbal na Rede" tem um capital de prestígio conquistado ao longo destes últimos 14 anos e isso é de um valor inestimável. Para este ciclo que agora começa, só posso desejar muito trabalho e… não parem de lutar!

Publicado em Setúbal na Rede - 09-01-2012 09:41

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